Um ano de Canadá!

      Oi, gente, como estão?
      Por aqui, muita neve!
      Hoje faz um ano que estamos no Canadá, então  pensei em contar um pouco de como foi este primeiro ano de desafios, de conquistas, de aprendizagens.
     Quando saímos do Brasil, tínhamos alguns planos (óbvio) e muitas expectativas. As guriazinhas tinham completado um ano. Alguns dos planos conseguimos concretizar, outros, não completamente, e outros ainda não. Mas, faz parte! Um ano parece muito tempo, mas dependendo do tamanho dos planos, é quase nada. 
   Ao chegarmos, ficamos hospedados na casa do meu cunhado, por 45 dias. Neste período, procuramos e conseguimos alugar um apartamento bem legal, numa zona bacana, muito semelhante ao que estávamos acostumados aí no Brasil. Tínhamos ( ainda temos e não queremos perder) o hábito de fazer as coisas a pé. Então, nesta região onde viemos morar conseguimos manter este hábito, pois temos todos os "serviços" necessários por perto. sem contar que a rua é um dos pontos "turísticos" da cidade ( se você colocar Edmonton no Trip Advisor, vai ver a Whyte Avenue - onde moramos - como uma das atrações). Nos habituamos muito bem, tranquilamente, neste lugar.  O mais engraçado disso é que, quando começamos a planejar a vinda pro Canadá ( e eramos só nós dois ainda), sempre dissemos que tínhamos que morar na Whyte, pois é a rua dos bares, restaurantes, eventos, feiras... Olha a força do pensamento ai! 
      Aqui é um lugar muito fácil de se viver e de se acostumar: pessoas educadas, ruas limpas, transito tranquilo, transporte público adaptado para receber todos os usuários, seguro.  Enfim, tudo isso facilita muito. Mas também tivemos que aprender muitas coisas, e a maioria delas sozinhos, descobrindo como funcionam. Conseguimos, e hoje já podemos ajudar a quem está chegando e também tem as mesmas dúvidas.
     Chegamos aqui em pleno inverno e passamos este tempo sem carro, o que é totalmente possivel, apesar de ser trabalhoso. Compramos carro no final do verão, pensando no próximo inverno, pois com as crianças, a vida facilita bastante ( já pensou como é ir ao supermercado com dois bebês, na neve, a pé e voltar carregando as compras, escorregando no gelo? Pois é!)
     Enfim, em um ano, não consegui melhorar o inglês o tanto que queria, mas me sinto mais segura, e até que me viro bem - não me viro melhor pois meu perfeccionismo não deixa ( isso é algo a aprender com os canadenses, eles não "julgam" o inglês dos estrangeiros, pelo contrário, entendem a tua condição e fazem de tudo pra entender e ser entendidos.) Foi muito complicado organizar essa parte, pois pra que eu pudesse estudar, alguém precisava ficar com as gurias, Como não conhecemos muita gente aqui, não tínhamos quem ficasse com elas, então o jeito foi eu fazer aulas a noite ( 2x na semana) e o Gui ficava com elas depois do trabalho. O planejado era fazer aulas diariamente, mas essas aulas ajudaram muito, inclusive nas relações sociais.
     Outro plano que tínhamos era colocar as gurias na daycare (creche). Não rolou. Aqui as daycares tem até DOIS ANOS de fila de espera. dizem que as mães já colocam os nomes na lista quando engravidam, pra garantir que terão vaga ao voltarem ao trabalho. Então, não conseguimos. Além disso, essa é a parte de educação que não é publica, então o valor é bem alto. Multiplicado por dois, então, fica um valor absurdo. 
     Vir para o Canadá mudou drasticamente a nossa rotina: no Brasil, eu saía pra trabalhar, e o Gui trabalhava em casa. Depois que as gurias nasceram, ele cuidava delas nas madrugadas e enquanto eu ia trabalhar, e depois invertíamos. Aqui, é o Gui quem sai pra trabalhar e eu fico em casa com a dupla. Isso foi uma das coisas mais estranhas pra mim, e uma das melhores também. Depois da licença maternidade, voltar a trabalhar foi muito difícil pra mim, e ter esta oportunidade de voltar a ficar com elas em tempo integral foi  ( e está sendo) ótimo. Mas me incomoda um pouco, me desanima essa vida de "dona de casa". Sinto falta ( muita) de me arrumar todos os dias, me maquiar, colocar meu salto e sair. 
     A falta de ajuda aqui também pesa muito. Sempre ( SEMPRE) é uma jornada pra sair, seja pra comprar um pão ou para um passeio. Sempre tenho que levar as duas, e isso leva um tempo de organização, e nos limita pelo tempo delas. Não tenho a opção de "dar um pulinho no mercado" pra pegar algo que falta, se o Gui não estiver em casa.  A falta de ajuda também limita muito as atividades que posso fazer com as gurias, Sem ajuda, não consigo levá-las no parque, na praça, na biblioteca. É impossível dar conta das duas, com interesses diferentes, sozinha. Isso me deixa arrasada. 
     Voltar a trabalhar aqui foi um ânimo enorme, pois eu sou apaixonada por dar aula, e apesar de estar curtindo muito ficar com as gurias, sentia muita falta da rotina de sala de aula. Claro que aqui é tudo diferente, da sala de aula aos alunos, mas é muito bom.  Foi um enorme desafio esta volta, pois com pouco fluência, ensinando pessoas que falam inglês, é um tanto complicado explicar algumas coisas, mas também me ajudou nas relações linguísticas e, de certa forma, melhorou também meu inglês. Então, só benefícios neste retorno às salas de aula.
     Sobre o inverno, ele não é tããããoooo terrível. Tendo as roupas adequadas, e protegendo bem as extremidades (tive que aprender a usar luva-touca-manta), fica suportável. E dentro de casa é agradável, as casas são preparadas  para o frio. Tomar banho não é um tormento, sair do banho menos ainda. O ruim do inverno é que são pouquíssimas horas de "dia", mas em geral os dias são de sol e céu azul, mesmo com toda a neve.O verão poderia ser um pouquinho mais quente. O sol é quente demais, mas tem muito vento, o que faz ficar "frio". Sim, eu sou friorenta. Mas em geral o verão é agradável, bom pra passear sem morrer de calor. E tem sol até as 23h! 
     O tempo aqui é hiper seco, seco mesmo, o que me faz um mal danado, pois como já tenho a pele seca, estou na luta para encontrar o creme perfeito pra dar conta disto.  Para as gurias, o grande incomodo é  o nariz ressecado e que as vezes sangra. E levamos muitos choques também ( na porta d carro, no botão do elevador, em coisas de metal, inclusive entre pessoas). Choque de sair faísca! 
     Em um ano fizemos muitas coisas que podem parecer pequenas, mas que são vitórias estando sozinhos em outro país: mobiliamos o apartamento ( compramos, carregamos e montamos os móveis), equipamos com tudo o que achávamos necessário - e com muitas coisas supérfluas também), aprendemos e usamos o sistema de saúde, público e gratuito,  estamos entendendo como funcionam as operações bancárias, qual o procedimento para contratar e instalar internet, descobrimos as especificidades dos mercados, como são organizados, onde encontrar cada produto. Usamos cupons pra algumas compras, o que é muito legal. Observamos e aprendemos muitas coisas com relação ao modo de comportamento das pessoas aqui, enfim, são tantos "detalhes tão pequenos" que seria impossível listar tudo. 
      A parte ruim de estar aqui? A solidão! Eu, que venho de um"familião", que estava sempre achando algum motivo pra estar junto, acho muito solitário estar aqui. Passar as datas comemorativas só entre nós é muito, muito estranho. A minha família me faz muita falta, uma falta enorme, que eu não achei que fosse possível sentir. Os meus amigos, as conversas diárias, as festas, os eventos, tudo isso me deixou um vazio enorme. Foi um ano de muitos dias de choro, de saudade, de vontade de voltar. 
    Estar aqui é muito bom. As gurias tem oportunidades aqui que não teriam ai, e nós temos tranquilidade e segurança, coisas que já não sentíamos no Brasil. Mas nunca, nada será (eu acho, por enquanto) como ter as pessoas que amamos, as que são importantes, perto de nós.
Dizem que o primeiro ano é o mais difícil, e que depois percebemos que por mais que o Brasil faça parte de nós, não é mais o nosso lugar. Não sei. Em 4 dias estaremos ai, e então poderei pensar e sentir sobre isso.  Seja como for: vencemos o primeiro ano! Estamos bem, adaptados, casa organizada, guriazinhas se desenvolvendo a mil, fizemos amigos, temos trabalho  e estamos aprendendo a desfrutar do que o Canadá tem a nos oferecer.  E que venha o segundo ano!
      Por enquanto é isso.  E então, o que mais queres saber? Pergunta ai que eu respondo o que faltou!
See you!







Comentários

  1. Que orgulho de ti, da força que tens! Também sentimos muito a falta de vcs, diariamente me deparo com aquela porta fechada e parece que vais sair dali para conversar comigo, mas rezo para Deus continue te iluminando para teres certeza das tuas escolhas, mesmo que elas representem essa ( grande) distância ( só) física. Te amo!

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